Gilson Schwartz, Professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da USP e responsável pela organização da rede internacional Games for Change no Brasil, veio a público na última semana anunciar a parceria com o Game Education Lab – GEL e o Media Education Lab – MEL, ligados à Universidade de Rhode Island, EUA, para a realização do Gelly Jam, evento voltado à educação com foco no processo de criação de games.
O trunfo do programa é que para participar e produzir seu jogo, não é necessário conhecimento em programação de computadores ou design gráfico, apenas paixão pela educação, atesta o release encaminhado. O projeto oferece, além da vivência prática com o processo, a imersão no FazGame, jogo brasileiro feito para uso em sala de aula para aprendizado efetivo na produção de jogos digitais.
O evento conta com a participação de Alexandre Le Voci Sayad, coordenador do MEL, autor de “Idade Mídia”, Gilson Schwartz, coordenador da Cidade do Conhecimento da USP, autor do livro “Brinco, Logo Aprendo” e Carla Zeltzer, a criadora do programa “FazGame”.
O Play’n’Biz conversou com Gilson Schwartz, que ofereceu mais detalhes sobre o projeto e suas aplicações.
“Trabalhamos com o modelo de imersão na realidade e na lógica da criação de um game para o leigo em programação e mesmo design”, afirmou, ao explicar o funcionamento do programa. “O destaque dessa primeira edição da Jam é a parceria com a plataforma ‘FazGame’, que é um game de fazer games”, conta.
A criadora do programa, Carla Zeltzer, virá do Rio de Janeiro para abrir o ciclo de Gelly Jams ao lado do Ale Sayad e da equipe do G4C, trazendo uma visão integrada sobre games na educomunicação, viabilizando o game design como recursos cognitivo e pedagógico, não apenas instrucional ou funcional. “Outra novidade é fazer as jams misturando alunos e professores”, informa o professor. “Vamos todos aprender juntos a criar games. Naturalmente, na medida em que essa comunidade crescer e se consolidar, as game jams poderão envolver makers mais avançados e projetos mais robustos. Mas a grande marcha começa com o primeiro passo, é sempre bom lembrar”, enfatiza.
Para Schwartz, é preciso vencer a resistência, muitas vezes ideológica, ao uso de games na educação, com ânimo e tenacidade, frente aos flagrantes problemas desta área no país: “Há uma força da inércia e do cansaço no seio de uma categoria de trabalhadores, os professores e profissionais da educação, que é relativamente mal atendida em termos de status, remuneração e políticas públicas”, observa. “É mais fácil comprar e distribuir tablets que reprogramar o sistema pedagógico para integrar-se às novas tecnologias, práticas pedagógicas e modelos de conhecimento e aprendizagem”, acredita. O caminho para reduzir o problema, indica, será eleger pessoas com prioridade às “propostas de uso inteligente, sustentável e criativo [de verbas para a educação], com a devida atenção ao trinômio tecnologia, professor e ecossistema”. “Em especial, de conteúdo produzido por game designers e designers instrucionais, com formação nas nossas escolas e também sensíveis aos nossos problemas brasileiríssimos”, observa, concluindo que o problema da educação no país está muito além da falta de recursos, apenas.
Gilson Schwartz tem sido reconhecidamente respeitado por suas iniciativas e apoios a projetos variados ligados à educação, sendo os mais destacados a Cidade do Conhecimento, projeto iniciado em 1999 na USP, e o Games for Change, movimento internacional abraçado em 2011, que promove ações diversas com a adoção de jogos eletrônicos e aplicativos voltados à educação, como o jogo “Ludwig”, game sobre física e energia, e “Conflitos Globais”, aventura em primeira pessoa em territórios politicamente instáveis. “Creio que a G4C está surgindo como um foro de lideranças em tecnologia, artes e empreendedorismo voltadas para a gamificação com impactos concretos sobre educação, cultura, inovação, emprego e renda no contexto de uma crise econômica, social e política internacional sem precedentes desde os anos 30 do século passado. O crescimento das parcerias da G4C em todos os setores da sociedade é apenas a decorrência da importância de sua mensagem num mundo em crise: vamos usar a nossa cultura digital para enfrentar e resolver os problemas gravíssimos que nem a política, nem a guerra e nem mesmo o capital financeiro foram capazes de resolver”, pondera, ao esclarecer o papel singular de uma manifestação global que se utiliza dos games como ferramentas para a mudança de uma visão de mundo.
“A consolidação e ampliação da G4C no Brasil coincide com um grande momento de aprofundamento da presença dessa rede mundial na União Europeia, na Ásia, no Oriente Médio e mesmo nos EUA, onde o Festival desse ano e as ações da G4C viraram topo de página no New York Times”, elucida.
O Gelly Jam inicia-se no próximo dia 19 de junho e as inscrições podem ser realizadas diretamente no formulário online, disponível em http://goo.gl/zjdTU6. Se você trabalha no campo da educação e busca novos recursos para atualizar seu processo de trabalho, garantindo a participação coletiva e entusiasta de seus alunos, não perca a oportunidade!
Gelly Jam
Datas: 19, 26 e 27 de julho
Local: USP
Inscrições: http://goo.gl/zjdTU6
Valores:
– Pacote com formação (dia 19) + experiência de criação de games: R$ 350,00
– Formação (dia 19): R$ 150,00
Vagas Limitadas
Contato: Gilson Schwartz – schwartz@usp.br
Obs: Valor promocional válido apenas durante o mês de junho. Bolsas integrais para professores e alunos de escolas públicas estaduais e municipais sujeitas a avaliação de currículo.
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