Temos visto com muita frequência um grande número de designers independentes dedicando-se à produção de games no Brasil nos anos recentes, mas são poucos os profissionais voltados à criação de soluções que otimizem o trabalho dos designers e criadores de games. O desenhista industrial carioca Fernando Ribeiro vai na contramão dessa tendência e disponibiliza, desde o final de 2013, o UMA, sistema de customização de personagens para uso em games com a engine Unity 3D.

O Play’n’Biz conversou com o desenvolvedor dessa impressionante ferramenta e apresenta, em primeira mão, detalhes da produção 100% nacional, que já está disponível para uso e download na Asset Store da Unity.

“Estou há mais de um ano nesse projeto, que tem o objetivo de facilitar a criação de personagens customizáveis”, disse o idealizador, durante o bate papo. “Se você tem um jogo, um projeto de visualização arquitetônico ou um simulador no qual você precisa de avatares, que possam ser customizáveis ou de fácil criação, o UMA facilita esse processo e o volume gerado se adapta às variações das dimensões corporais do personagem, então, se o personagem é forte, a camisa vai se ajustar à musculatura”, explicou o criador, durante a feira Unite, realizada em São Paulo.

Embora imerso na criação do projeto há pouco mais de um ano, Fernando observa que a ideia não é nova: “Eu sempre adorei o processo de criação de personagens quando jogava jogos de RPG; às vezes, eu nem terminava o jogo, ficava mais tempo no processo inicial de recriar os personagens do que no jogo em si”, informou, com ar divertido. “Com o tempo, eu fui identificando essa possibilidade de criar um sistema bastante flexível, para que outras pessoas pudessem usar. O projeto começou como uma solução pessoal, mas eu percebi que podia ser aberto para uso geral”, conclui.

Fernando relata as qualidades do recurso, que vão além de um sistema convencional de modelagem em 3D: “Toda alteração do volume do personagem é gerada na estrutura do esqueleto, isso é nos ‘bones’ da animação. A diferença é que nesse projeto eu utilizo a deformação do esqueleto não só para a animação, mas também para definir o volume final que o personagem vai ter. Dessa forma, ele fica flexível o bastante para que qualquer pessoa crie conteúdo e esse conteúdo pode ser incorporado em vários avatares diferentes”. As modelagens, porém, são realizadas com soluções externas. “Para os bones eu utilizo o software de código aberto Blender, que é uma ferramenta de modelagem 3D bastante flexível. O próprio UMA é [desenvolvido] em código aberto, em C Sharp, direto na Unity”, confirma o criador.

Um dos aspectos mais interessantes do projeto, no entanto, reside na adoção pela própria Unity, do recurso desenvolvido pelo designer: “A Asset Store foi a patrocinadora da ideia e viabilizou que esse projeto pudesse ser oferecido gratuitamente à comunidade. Há pouco mais de um ano, postei pela primeira vez no fórum de usuários da Unity e tive uma recepção muito boa: tanto usuários quanto funcionários da Unity, de fora do Brasil, acabaram dando feedback”, comenta. “Nunca tive a expectativa de que algo como o suporte da Unity pudesse acontecer”, acrescenta. “Foi surpreendente! Tenho a esperança de que vários desenvolvedores tenham o interesse de gerar conteúdo visual ou de programação para esse projeto, por ser em código aberto e estar gratuito na Asset Store”.

Os contatos para informações, dúvidas ou contribuições para o projeto podem ser feitos através do email fernandoribeirogames@gmail.com e também através do site Fernando Ribeiro Games.
“Espero que isso possa facilitar muito a vida de alguns desenvolvedores”, acredita o produtor.

O pacote com todas as texturas e malhas necessárias para criar o seu próprio conteúdo já está disponível com arquivos atualizados para a versão UMA 1.0.4.0 , que contém novos layouts UV, ZTL extra com 4 níveis de subdivisão e texturas para avatares de ambos os sexos masculino e feminino, atualizado para operar com o recente Unity 4.3.1.
O código-fonte completo, para quem quiser editar suas próprias criações, está disponível no GitHub sob a licença MIT