A Blizzard, empresa criadora de games de sucesso como World of Warcraft e Starcraft, viu seu nome envolvido em uma grande polêmica na última semana, quando veio a público a indignação de jogadoras de Hearthstone, impedidas de participar dos torneios oficiais do jogo ao lado dos jogadores do sexo masculino.
A crise começou logo que a IeSF, International e-Sports Federation, tomou a decisão de separar o torneio entre jogadores e jogadoras, alegando “promover eSports como um esporte legítimo”, a partir de consulta junto às autoridades desportivas internacionais, sem especificar a quais órgãos submeteu o tema.
O assunto reacendeu a discussão sobre sexismo e machismo no meio ‘gamer’, no qual as mulheres se deparam, cotidianamente, com opiniões grosseiras, descaso para com suas habilidades técncias e, não raro, toda sorte de ofensas, com palavras de baixo calão e sugestões para outros afazeres indicados como mais apropriados ao gênero, sugerindo o uso de fogões ou ferros de passar roupa.
“É um total absurdo essa separação de gênero”, afirmou Bell Albuquerque, estudante de psicologia e jogadora de League of Legends, que já acumula, ao longo desse tempo, várias conquistas invejáveis e muitas histórias de preconceito. “Campeonatos se vencem por habilidade e não por seu papel de genero. Não é só machista, mas também muito preconceituoso. Quando eu comecei a jogar jogos online eu cheguei a chorar, pois meu nick é feminino. Me ofendiam de graça, com insultos de cunho sexual extremamente pesados”, relembra, em breve troca de mensagens via rede com o Play’n’Biz. “Meus amigos falavam pra eu mudar pra um nick neutro, onde não podiam identificar que eu era menina. Eu nunca aceitei e nunca sucumbi”, explicou. “Até hoje, onde já me encontro num nível mais elevado de jogo, ouço desaforos o tempo todo. Deveria haver incentivo pro publico feminino, e não discriminação”, argumenta.
Não é de hoje que as jovens ligadas ao universo dos games expressam suas dificuldades com o preconceito latente do meio. Nos anos de 2010 e 2011, por exemplo, algumas manifestações tensas já apareciam na rede, com textos e tuítes indignados, de garotas irritadas com o comportamento dos rapazes nas partidas online.
No ano seguinte, foi a vez das garotas produtoras e desenvolvedoras de games, que abriam para o mundo sua indignação com o preconceito vigente dentro das empresas, que aparentemente não se inclinavam a coibir tais práticas no ambiente profissional. Para demonstrar sua insatisfação com estes casos, as mulheres passaram a relatar situações e expressar opiniões no Twitter, com a hashtag #1reasonwhy, nas quais reclamavam do desrespeito para com as mulheres que trabalham na indústria de games. Em alguns casos, o que mais irritava as profissionais era serem confundidas com namoradas dos ‘verdadeiros’ designers de game, além do fato de se sentirem insultadas em submeter-se a criar modelos de personagens femininas estereotipadas, com trajes sumários e comportamento similar ao das delicadas jovens dos contos de Jane Austin.
A decisão equivocada da Federação de e-Sports, mesmo tendo se baseado no referencial de jogos tradicionais como o Xadrez, demonstra haver um panorama no qual a justificativa para um comportamento questionável do ponto de vista da igualdade de oportunidades, parece se sobrepor ao bom senso, no qual jovens de ambos os sexos são capazes de exibir suas habilidades no ambiente imersivo dos games.
“Estou acima da maioria dos jogadores, afirmou Bell à reportagem. “Quando descobrem meu nivel, a reação é de puro choque: ‘Noooossa, uma menina aí? Não acredito que você tem esse elo (como é chamado o nivel dentro do LOL) e eu não'”, desabafa. “É engraçado quando faço algo muito legal dentro do jogo e acabo ajudando o time, falam coisas do tipo: ‘Não é possivel que você seja menina. Só pode ser um menino querendo enganar. Menina não joga bem assim'”, informa a jogadora, que acumula vários achievements no game.
“As meninas tem condições de serem ótimas jogadoras, pois normalmente conseguem ser bastante atenciosas e pacientes”, observa Bell.
“Seria legal se os rapazes nos ‘acolhessem’ em vez de se sentirem ofendidos com a nossa presença, tem espaço pra todo mundo! Afinal, todos nós somos apaixonados por games e buscamos sempre diversão”, finaliza.
Fruto da (desnecessária) polêmica gerada, a IeSF veio a público hoje informar que a separação de jogadores por gênero deixa de ser uma das regras para o torneio. Muito provavelmente, o renome e porte da Blizzard tiveram grande contribuição nessa tomada de decisão, o que mostra atenção da empresa com seu público e a clara opção para evitar situações que comprometam seu bom nome junto à comunidade.
Eh, eu jogo fighting games em campeonatos que tem pelo pais… ja viajei para sampa, curitiba, rio de janeiro so pela competicao, as pessoas da cena me respeitam, mas tem muitos de fora (principalmente os que jogam mais online) que ficam tirando sarro, me desafiam depois saem correndo, querem add nos jogos mas nao chamam pra jogar. Ja ate ouvi que podem perder pra mim por “acidente”.
Tem muita gente, muitos homens, que tem dificuldade em admitir que existem mulheres em “tarefas que outrora eram exclusivas deles” que podem ser tao boas quanto.
lol, faz elo job e paga de boa no jogo. vergonha pra “garotas gamers” ^^