Festival de Jogos no SBGames 2014 apresentou recorde de projetos recebidos

Para quem ainda não conhece, o SBGames é o maior evento acadêmico de jogos eletrônicos da América Latina, e realiza nos próximos dias 12, 13 e 14 de Novembro, em Porto Alegre, sua 13ª edição. Esta apresentação, no entanto, passa a errônea impressão de um evento voltado apenas ao estudo da mídia. O SBGames, no entanto, tem avançado ano a ano na apresentação de outras facetas da linguagem, como a exibição de artes relacionadas ao tema, como visto na edição 2013, por exemplo, o Kids & Teens, com relatos sobre o uso de games na educação, que se realiza este ano, ou o Festival de Jogos, que apresenta a produção independente nacional e tem recebido número crescente de submissão a cada ano.

BrunoPara falar sobe os games enviados ao festival, o Play’n’Biz conversou com Bruno Campagnolo de Paula, pesquisador na Tecpar, empresa científica do estado, e professor da PUC do Paraná, bem como um dos responsáveis pelo Festival do evento. Animado com as boas produções enviadas, Bruno não tem dúvidas quanto à qualificação de nossos desenvolvedores, e sabe que a consolidação do mercado para a produção de jogos digitais no país é somente uma questão de tempo.

“A cada ano, não apenas o Festival do SBGames, mas também a área de desenvolvimento de jogos em geral cresce e se concretiza. Desta forma, não só os jovens, mas todos que estão há muitos anos lutando na área, estão aproveitando cada vez mais as oportunidades que surgem de exposição de seus jogos”, expressa o acadêmico, lembrando que o jogo deixa de ser algo secreto ou sem visibilidade pública e passa a ser motivo de orgulho para os envolvidos na produção. “Sentimos muito isso durante os últimos anos do festival: as pessoas sabiam que eram capazes de criar coisas boas, mas não se sentiam a vontade para exibir seus jogos. Agora, todos (inclusive os jovens) perderam a vergonha de participar e se expor”.

SBGames Tabelas de JogosO professor tem acompanhado o festival intensamente ao longo das realizações do SBGames, e afirma que, a cada ano, a produção de jogos é um pouco diferente, mas sempre crescente. “Minha impressão é bastante positiva. Uma tendência forte que percebo é a participação de estudantes (inclusive do ensino médio) por mais de um ano, ou seja, que enviaram um jogo no ano passado e novamente estão
participando. Outro fato que saltou à primeira análise: a Categoria Outras Plataformas começa a ter mais importância. Por exemplo, este ano tivemos 11 jogos de tabuleiro submetidos, além de outros jogos que não se encaixam nas outras categorias”. Bruno ressalta, ainda a participação de mais estados, fugindo do tradicional eixo Rio-São Paulo.

Outra curiosidade apontada é a mudança no perfil dos projetos realizados, que apresentam caráter mais artístico e experimentalista. “Eu acompanho o Festival desde seu princípio. No início a participação refletia principalmente a galera de computação. Agora, temos finalmente a participação em massa de artistas, game designers etc. Então, o que eu vejo de característica mais marcante reflete exatamente isso: os jogos estão ficando cada vez mais originais e menos clones ou projetos de apenas relevância tecnológica”, afirmou o professor.

SBGames Locais dos JogosPara Bruno, esta iniciativa de realização do festival cumpre um papel social e mercadológico importante para o segmento de desenvolvimento de jogos no país: “[O Festival] serve de ponto de encontro e interação entre os desenvolvedores, principalmente do Brasil. O papel do Festival é fornecer mais meios das pessoas se conhecerem e trocarem informações. A Mostra de Jogos associada ao Festival deve ter destaque exatamente por isso. O Festival serve para demonstrar o que as pessoas estão fazendo”.

Em sua análise, não faltam iniciativas hoje no Brasil de incentivo à criação de jogos, mas parece haver, na contramão, a ausência de um pensamento unificador, capaz de demonstrar a força que a produção independente de jogos já angaria no país. “Já existem muitas iniciativas: editais, concursos, festivais, game jams, e a cada ano mais iniciativas acontecem. O importante é que haja um apoio e respeito às iniciativas. Entristece bastante, por exemplo, ver outros festivais/eventos  dizendo-se maiores, melhores etc, e praticamente ignorando a existência dos outros não só nacionais, mas também internacionais. Gostaria que outros festivais/concursos/eventos tivessem uma maior aceitação mútua  entre todas as iniciativas que já existem sem precisar burocratizar em uma parceria, ou dizer que não existem iniciativas de apoio”, alfinetou, com elegância, deixando claro que a disputa por títulos não contribui para a Cultura de Jogos, já tão maltratada no país.

O profissional, que divide a responsabilidade do festival com os parceiros Maurício B. Gehling, Professor do curso de graduação em jogos digitais da Unisinos (RS), Vitor Severo, desenvolvedor de jogos independentes da SwordTales, e Isabel Siqueira, professora da Uniritter, não tem dúvidas que, no campo dos jogos, o Brasil é o país do presente. “Ainda tem muito a crescer, mas já demonstra claramente que existe no cenário”. O professor, porém, fez um alerta: “Entretanto, insisto: o Brasil não pode se
fechar e tentar criar apenas um mercado interno. Percebo, nos jogos do Festival, que algumas das melhores experiências acontecem quando se percebe uma universalidade no jogo ou até uma parceria internacional”, enfatizou.

Bruno aproveita o espaços para agradecer os patrocinadores do evento: CNPq, CAPES, SEBRAE e Unity, e aos apoiadores Google e Novatec, mas não sem deixar uma mensagem final para os desenvolvedores e criadores de jogos iniciantes, que não se sentiram confiantes para enviar seu projeto neste ano: “Participe de outros festivais, concursos etc, mande seu jogo para mostras, venha ao SBGames conhecer os outros desenvolvedores. E não deixe de fazer jogos e mostrar para as pessoas que os faz”.

Outras informações sobre o evento podem ser encontradas no site SBGames.org/sbgames2014.

Os vídeos de gameplay de todos os jogos podem ser conferidos no YouTube, em Goo.gl/OPSvfr.

Bruno Campagnolo, Renato Degiovani e Artur Mittelbach no SBGames 2013

Bruno Campagnolo, Renato Degiovani e Artur Mittelbach no SBGames 2013

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