FazGame, Plataforma para autoria de Games Educacionais, ensina Professores e Alunos a criarem Jogos sem Programar

As muitas iniciativas voltadas ao aprimoramento do processo educacional vêm mostrando, gradativamente, a importância no uso da ludicidade para os processos de aprendizado para escolares em geral. Visando reforçar a influência positiva dos jogos nesse campo de atuação, a educadora Carla Zeltzer vem apresentando uma nova ferramenta, que permite produzir jogos digitais e, ao longo do processo, aprimorar-se no conhecimento dos recursos informáticos e em outras áreas de conhecimento.
O Play’n’Biz conversou com a criadora do FazGame, também sócia da empresa TecZelt, e acompanhou a aula inaugural do projeto GellyJam, oferecido pelo Games for Chance Brasil na USP, em São Paulo, e traz as principais informações sobre essa revolucionária ferramenta de aprendizado.

“O FazGame – o game para criar games educacionais – é uma ferramenta de autoria que possibilita professores e alunos – sem conhecimento de programação ou design – criem games disparadores de aprendizagem”, informou a professora Carla, que iniciou a aula do último sábado, dia 19, com aproximadamente 15 alunos, entre professores e profissionais da área da educação. “Associado ao Portal FazGame, os jogos são publicados e podem ser acessados de qualquer lugar através da internet”.

Ressaltando que o projeto foi concebido para propiciar uma aprendizagem lúdica, divertida e interativa do conteúdo pedagógico escolar, Carla, que dedica-se há 8 anos à área educacional, envolveu-se diretamente com a criação de objetos educacionais para propiciar o desenvolvimento de habilidades empreendedoras como criatividade e trabalho em equipe, entre outras, e com a criação de oficinas, dinâmicas e jogos presenciais. “Em determinado momento, estava ao mesmo tempo envolvida em dois projetos: criação de um game eletrônico de Educação Empreendedora e [uma proposta de] e-learning para formação de professores. O e-learning utilizava uma plataforma bastante simples e intuitiva para criação do curso e eu pensei: ‘por que não temos algo assim, que facilite e barateie a criação de games educacionais e, desta forma, ajude na aplicação dos games em escala nas escolas?'”, esclareceu. “Nas minhas pesquisas, não encontrei plataformas de criação de jogos voltadas para ‘não desenvolvedores’, que possibilitassem a criação de jogos com narrativas (point and click) – que são excelentes para inclusão de conteúdos educacionais diversos. E então encontrei a linha de atuação do FazGame“.

Carla Zeltzer na USP, ministrando o curso no Gelly Jam

Carla Zeltzer na USP, ministrando o curso no Gelly Jam

Para Carla todos adoramos jogos e jogos eletrônicos e as crianças e jovens, em especial, demonstram grande interesse pelo processo de criação. “O pensamento é: ‘se é bacana jogar um game legal, que bacana seria criar o meu game’. Eu vivenciei isso no primeiro game que desenvolvi. No projeto piloto, crianças de 8 a 10 anos me perguntavam: ‘Foi você que desenvolveu?’, com brilho nos olhos”, comentou, empolgada, a educadora, que considera serem os jogos uma excelente porta de entrada nas escolas para o “desenvolvimento da criatividade e habilidades como planejamento, trabalho em equipe, solução de problemas e outras competências essenciais para os nossos tempos”, afirmou.

“Quando a criança ou jovem entra em contato com a criação de um ‘objeto digital’, ela se aproxima também das oportunidades reais de criação dos nossos tempos – ampliando seus horizontes de realização atual e futura. Ao criar um game – com a história, causalidade e condicionais, paralelismo, entre outras características, estamos desenvolvendo nosso raciocínio lógico”, destacou. “No FazGame isso é feito de forma intuitiva, sem programação, tornando-o acessível e interessante para qualquer criança ou jovem, mesmo aqueles que não se interessam por programação. Ferramentas que ajudam no desenvolvimento do raciocínio lógico de forma lúdica são um grande ganho para o ambiente educacional”, enfatizou.

A educadora não parece ter dúvidas quanto ao perfil educacional dos processos lúdicos no aprendizado: “Jogar é brincar e também é desafiante, você aprende a superar obstáculos, ter persistência, descobrir estratégias para vencer as etapas do jogo. Ao jogar um jogo, mesmo que individualmente, você interage com pessoas interessadas pelo jogo, para compartilhar os gostos ou descobrir novas formas de avançar, logo, temos um espaço enorme para usar a motivação das pessoas pela brincadeira e jogo, para discutir assuntos como educação e cultura”, definiu, explicando que usar games nas escolas e em outros ambientes educacionais significa ampliar o canal de comunicação com as crianças e jovens, motivando-os para determinados temas, partindo da sua pré-disposição para jogar. “Quando disponibilizamos ferramentas onde as crianças e jovens podem criar games, elas podem exercer sua criatividade e pro-atividade através da autoria de games. Quando fazemos isso com conteúdos educacionais, que é o caso da aplicação do FazGame nas escolas, permitimos que as crianças e jovens participem do ambiente educacional de forma ativa, criando conhecimento que poderá ser espalhado para toda a comunidade escolar – através das demais crianças que jogarem seus games”.

Turma de alunos da Faetec em atividade do FazGame

Turma de alunos da Faetec em atividade do FazGame

Apesar das opiniões muitas vezes controversas em relação aos games, Carla estima que as visões mais resistentes devem mudar brevemente: “A aplicação [dos games] no ambiente corporativo, em áreas como educação e comunicação, está se espalhando cada vez mais, e desta forma começamos a ter avaliações sobre a sua efetividade que fomentam esse movimento de transformação e de inserção dos games em outras esferas além do entretenimento puro, como nas escolas. Cabe a nós, deste segmento, o papel de disseminar as boas experiências, para que gradativamente esse mindset seja modificado. Sou sou uma ‘ativista’ da seguinte bandeira: ‘Aprender pode ser divertido'”, ressaltou.

A estrutura de missões e objetivos do sistema FazGame permite que as crianças e jovens comecem criando games simples e possam evoluir na criação, com games mais elaborados, enfatizou a criadora. Este aprendizado, comentou, ocorre com a realização de projetos incrementais na ferramenta. “Depois de passar por esse processo, as crianças e jovens terão adquirido várias competências necessárias para realizar um projeto do início ao fim. Essas competências devem ser aproveitadas e aprimoradas constantemente – o jovem deve buscar projetos do seu interesse e realizá-los. A partir da semente que o FazGame desperta, o jovem pode procurar caminhos para desenvolver suas competências para realizar um projeto da ordem de um Tomb Raider ou Bioshock”, acredita. “Com certeza, ele precisará reunir competências técnicas e empreendedoras – para reunir a equipe com as competências para o projeto e buscar os recursos necessários. Dizem que ficamos experts em um assunto depois de 10.000 horas de dedicação a ele. Passando por essas 10.000 horas de forma eficaz, ‘o céu é o limite’”, sentenciou.

Mais do que o aprendizado dos alunos com a ferramenta, Carla faz questão de frisar a necessidade de atrair profissionais do ensino para a compreensão do sistema e as potencialidades educacionais com jogos em geral: “É importante formar os professores para que as novas ferramentas e processos possam ser espalhados pelas escolas. Os professores, que são os grandes multiplicadores de novos processo pedagógicos”, defendeu.

Para conhecer os detalhes do projeto, há um site com informações adicionais e a apresentação de alguns trabalhos já realizados nas escolas, acessível através do endereço Fazgame.com.br.

O curso, que iniciou-se no último sábado, dia 19/07, tem mais duas aulas presenciais na Cidade do Conhecimento, na USP, com apoio institucional do projeto Games for Change.

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