Os Desenvolvedores brasileiros precisam mesmo de auxílio do Governo ou é só Mimimi?

Esta semana, o Play’n’biz lançou artigo analisando o histórico dos últimos mandatos presidenciais e as efetivas contribuições destes governos para a produção nacional de Games. Com saldo muito abaixo das possibilidades efetivas de apoio ao meio produtivo nos anos em que a economia do país esteve aquecida, a avaliação é que, com o início de um processo recessivo junto à chegada do novo governo de Dilma Roussef, as perspectivas de qualquer auxílio com financiamento governamental a partir de agora são no mínimo improváveis. A partir dessa constatação, uma série de produtores debateu na rede digital se o governo deve, de fato, investir na produção nacional de games. A questão está longe de chegar a um veredito, mas algumas opiniões são interessantes e bem embasadas.

A observação mais frequente no debate foi a constatação de que nenhum dos governos de fato investiu no mercado de games no Brasil, a não ser com políticas isoladas, como o BR Games (que contou com algumas edições entre 2004 e 2009) e projetos como o Inovapps e alguns concursos que permitiam também a inclusão de games, embora esta linguagem não fosse o tema central das propostas.
Também foi aludido que estamos em um dos piores países pra se fazer negócios na área, com excesso de burocracia e taxações diversas. “Só quem é amigo do rei que se dá bem aqui”, dizia uma das opiniões expressas. De fato, cotidianamente confrontamos informações sobre negócios de empresários como Eike Batista ou Val Maechiori, que obtiveram fácil acesso às benesses governamentais para seus empreendimentos, diferentemente de produtores de games, que jamais encontram sequer condições menos desfavoráveis para o andamento de seus negócios.

Outra das opiniões dá conta que, mesmo quando o governo se propõe a criar instrumentos para atender aos desenvolvedores de games, a ausência de princípios que desonerem os processos acaba por não auxiliar os produtores, pois “uma parcela considerável dos editais e planos de investimento em jogos no Brasil normalmente são elaborados sem consultar gente que entenda de fato do assunto, esteja ciente da realidade de desenvolvimento, ou do panorama cultural da mídia”. A isso, podemos somar a declaração já expressa na reportagem anterior por João Lanari, então Diretor do Departamento de Tecnologias Inovadoras do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ao informar que o plano de financiamento para games do BNDES jamais havia sido acionado, talvez porque “o projeto tenha sido mal elaborado, não contemplando as especificidades desse insurgente mercado”.

Uma parcela de desenvolvedores brasileiros mantém a firme crença na qual “se o governo ajudasse não atrapalhando, já seria uma imensa ajuda”, e que o governo não deve se envolver com esse mercado, deixando-o fluir e crescer naturalmente. Ainda que esta ideia soe como uma lei do mercado, são muitos os exemplos de países que incentivaram a produção de games fortalecendo as empresas dos setor. Além dos já conhecidos casos do Canadá, que auxiliou na produção de games como Papo & Yo, Fez, Dyad e Guacamelee, entre outros, e da Coreia do Sul, que lidera a produção mundial de MMO, movimentando algo em torno de US$ 6 bilhões por ano, o governo francês manteve uma concessão fiscal de 20% para a área de games entre 2007 e 2012 e a Grã Bretanha oferece isenção fiscal da ordem de £35 milhões para as empresas do setor desde abril de 2013. Aliás, em recente levantamento do GDC Europa com participantes do evento, em julho passado, 47% dos entrevistados consideraram que o Reino Unido oferece os melhores incentivos fiscais para o desenvolvimento de jogos locais, com a Finlândia, França, Alemanha e Holanda empatando em um distante segundo lugar, com 9,5% dos votos cada.

Impossível imaginar que nossa insurgente e teimosa produção de games precise menos de incentivos públicos do que os produtores destes e outros países. De fato, foi Renato Degiovani quem, no debate online, ofereceu uma das mais coerentes opiniões, ao propor que “não devemos parar de pedir ajuda ao governo e demais instituições, mas não podemos depender disso. Não podemos esperar pelas benesses oficiais para só então irmos atrás dos resultados”

Nossas realizações já estão no mercado e chegando às mãos de consumidores que aprovam maciçamente os trabalhos realizados por desenvolvedores brasileiros. Basta, portanto, não desistir em duas frentes: de fazer o seu melhor e continuar a reivindicar melhores condições para produzir no país.

1 comentário a "Os Desenvolvedores brasileiros precisam mesmo de auxílio do Governo ou é só Mimimi?"

  1. Um dos mercados que o governo pôs suas mãos foi no de frete,reduziu os impostos e juros para caminhões, emprestou dinheiro para compra etc.Acabou piorando a situação para eles.O fato é que esse mercado não precisa de tanto incentivo governamental, só precisa de vontade e tempo de quem quer produzir.(obviamente se a situação econômica do pais ta difícil atrapalha a todos não só o mercado de games)

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