Mascote do SBGames 2014 gera enxurrada de críticas nas redes sociais e vira meme em poucas horas

O SBGames, Simpósio Brasileiro de Games e Entretenimento Digital, que acontece nos próximos dias 12, 13 e 14 de novembro no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre, está entre as mais criativas edições do evento, com inúmeras realizações, como o PalcoFUN e a Jam de Games, o Festival de Jogos, que apresentou recorde de games enviados ao evento, e o Festival Kids & Teens, entre outras atrações, idealizadas com o objetivo de tornar o caráter acadêmico menos estranho ao grande público e atrair um maior número de interessados na linguagem e cultura dos games. A mais recente investida do evento, no entanto, a apresentação de um mascote para uso e recriação pelo público, parece ter funcionado de maneira inversa, causando grande comoção na rede.

SBGames 2014 LogoO assunto virou piada entre os desenvolvedores independentes na rede social Fecebook, que passaram as últimas horas da terça, dia 28 de outubro, fazendo críticas ao design do personagem e criando um sem número de variações do boneco, denominado ‘Huezinho’ pelos próprios, com as mais estranhas e inesperadas deformações.

Vale ressaltar que a crítica talvez não seja de todo descabida, e o design do personagem, concebido por Maria das Graças Chagas, Professora do Departamento de Artes & Design da Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, e desenvolvido pelos artistas 2D Tiago Silvério e Thais De Souza Lima, a partir de pesquisa de imagem de Bruno Baere, Tathiana Sanches e Nelson José Donato, conforme indicado no site do SBGames, parece apresentar alguns problemas de caráter estético, que tornam sua visualidade pouco carismática na opinião de criadores ouvidos pela reportagem, para uma produção que se propõe a ser o ícone de um dos mais importantes eventos sobre jogos digitais em toda a América Latina.

Mascote TumblrNa página de apresentação do personagem, o texto informa que o desenho do mascote procurou afastar-se de estereótipos que pudessem ser associados a pessoas e animais conhecidos, como forma de “respeitar e valorizar a diversidade de perfis de pessoas que frequentam o SBGames”, identificando a criação como uma espécie de “Tamagotchi”, que pode ser alterado para criar identidade com cada participante, individualmente. “Respeitando essas características, todos podem adicionar elementos, fantasias, acessórios e cores”, afirma o conteúdo da página, ao acrescentar informações técnicas a serem seguidas nas concepções de variações do mascote. A intenção da organização é que os desenhos e customizações mais divertidos enviados sejam expostos no site. No entanto, os críticos online já se adiantaram, criando uma página com versões do personagem que destacam com comicidade aspectos nada edificantes da produção. A página “Huezinho“, cujo título entrega de imediato a recepção nada calorosa ao personagem, associando-o à ideia dos HueHueBrBr (perfil de jogadores troladores e mal comportados nos games online), já agrega algumas ilustrações e artes com a criatura em situações cômicas, bizarras e até recriações mais inspiradas (a exemplo da arte de abertura desse artigo), que reelaboram o projeto gráfico com certa inventividade e graça.

Design do Mascote e instruções na página oficial do SBGames

Design do Mascote e instruções na página oficial do SBGames

Na rede social Facebook, onde os desenvolvedores trocam ideias e agressões nada leves no grupo intitulado “Boteco Gamer”, as piadas acumularam-se por horas, com tiradas espirituosas e outras observações menos elogiosas à produção do ícone, tais como “Parece um fígado”, “Se Dollynho fosse Pokémon”, “Parece um chiclete mastigado desenhado por uma criança” e “O exu caveirinha gerou mais atenção que algo mediano”, em um total de mais de duas centenas de declarações.

Um post da organização na página do SBGames no Facebook tentava responder a parte da má receptividade encontrada tão logo o projeto do personagem veio a público, ao informar que “não foi um concurso realizado, foi uma encomenda feita a um grupo bastante reconhecido no Brasil. Alguns podem não gostar, não tem problema. Outros gostaram, tudo ok! Vamos respeitar que tudo está sendo feito com muito esforço e carinho para a comunidade”. Mais à frente, na mesma sequência de posts, outra informação afirmava que o projeto do mascote havia sido feito gratuitamente. “A organização do Sbgames não pagou! O envolvimento das pessoas foi voluntário”.

Outra imagem da rede

Outra imagem da rede

“Mascotes em geral têm reações diversas do público do evento. Alguns adoram e outros detestam. Alguns se sentem excluídos, outros não se veem representados. outros acham que fariam melhor e outros embarcam na proposta”, escreveu a professora de Design e responsável pela concepção do personagem Maria das Graças no site do evento, provavelmente em resposta aos inflamados comentários dos desenvolvedores. “A criação de um modelo básico que pudesse ser customizado por cada participante surgiu então. A customização subverte a ideia de existir um único Mascote igual para todos, pois permite que todos interfiram e criem, a partir de um desenho básico, Mascotes próprios”, continua a resposta publicada. “É uma ‘coisinha’ no que se refere a simplicidade de traços. Para customizar o melhor é que a forma seja básica”, explicou a professora, sem deixar de registrar seu desagrado com o teor dos comentários, muitos deles agressivos e incompatíveis com o nível desejado por profissionais que trabalham em uma indústria criativa, que exige conhecimento de ponta, articulação e desenvoltura com as adversidades. “O comportamento das pessoas anda estranho nas redes sociais. Como educadores não podemos permitir que certas atitudes se instalem em nosso convívio”, ponderou.

Trolagem no Boteco Gamer

Trolagem no Boteco Gamer

No entanto, ainda que a justificativa para o preceito de customização e produção de mascotes variados capazes de dar conta da diversidade do evento seja plausível e bem vinda, vale considerar que não faltam condições e técnica entre os profissionais e voluntários do evento para estabelecer princípios de criação mais eficazes no que diz respeito à visualidade do personagem. Para a professora de artes e design, isto é parte do processo de realização do evento ao qual a organização está sujeita: “Estamos satisfeitos que a organização do evento aprovou e achou carismático [o personagem]. Mas sempre tive noção da visibilidade e que críticas viriam. Torço que minimamente entendam o conceito de customização. Críticas e brincadeiras grotescas acontecem, as redes sociais hoje promovem isso, são previsíveis. Mas é bem lamentável o inquérito em geral que as pessoas têm feito da liberdade de expressão”, declarou ao Play’n’Biz, em conversa online durante a madrugada, finalizando: “O Mascote está aí. Quem quiser se envolver e enviar desenhos será muito bem-vindo!”

2 comentários a "Mascote do SBGames 2014 gera enxurrada de críticas nas redes sociais e vira meme em poucas horas"

  1. OLA COMO FASSO PARA MANDAR UM DESENHO

  2. Quem disse que a zueira está apenas nos jogadores? Mas essas reações inesperadas deveriam bom, não ser tão inesperadas, afinal, saber qual a recepção de um produto não deve ser assim tão fácil.

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