As dimensões continentais do Brasil são sempre um desafio para se conhecer todo o desenvolvimento de projetos digitais que acontecem no país, mas, para nossa sorte, a internet e as redes sociais estão reduzindo as fronteiras e permitindo que os bons projetos realizados cheguem ao conhecimento de todos. É o caso de Seringueiro Samurai, projeto desenvolvido no longínquo Acre, estado brasileiro que concentra as dificuldades da falta de acesso às oportunidades dos grandes mercados e mão de obra qualificada, como explicou Fénelon Sampaio, um dos produtores do game, em entrevista exclusiva ao Play’n’Biz.
O game, concebido puramente como um projeto de diversão para todos, sem pretensões de tornar-se um jogo de grande porte, é um trabalho realizado a oito mãos e que segue em produção mesmo ante às dificuldades encontradas pelo time de desenvolvedores para manter e lançar seu trabalho.
Confira abaixo os principais trechos da conversa.
Play’n’Biz – Fale um pouco sobre o grupo de pessoas que está desenvolvendo o projeto e de onde surgiu a ideia, por favor.
Fénelon Sampaio – O grupo sempre foi fã de mangás e animes japoneses. Nós somos atualmente em 4 que são: Luis Felipe (Biz e game designer), Leandro Pontes (programador), Dimitri Kawada (direção de arte) e Fénelon Sampaio (negócios e gerente de projetos). Todos somos CEOs do estúdio Mestre Cupuaçu, que criamos com o intuito de criar jogos divertidos.
P’n’B – De onde surgiu a ideia para a produção de um game sobre um seringueiro que detém as habilidades de um samurai?
FS – A ideia é um samurai que foi criado como seringueiro. Quando participamos do centenário da imigração japonesa no Brasil, tivemos a ideia de criar um mangá, que contasse a história de uma família de japoneses que nesta imigração vieram até a região acriana. Participando da história local e usando materiais disponíveis na floresta para fabricar suas armas e ferramentas.
P’n’B – O game pretende passar alguma mensagem de mobilização contra os crimes à Amazônia ou é apenas uma alegoria divertida utilizando referências poéticas como samurais e o trabalho seringalista?
FS – O jogo pretende ser divertido. Assim como outros desenvolvedores utilizam fatos históricos e culturas para o enredo dos jogos, resolvemos utilizar fatos históricos acrianos e cultura japonesa que adquirimos através dos mangás e animes.
P’n’B – Foi fácil arregimentar um grupo de profissionais para produzir o projeto? Como você analisa a mão de obra local para a produção de games?
FS – Foi um dos maiores desafios agrupar profissionais com a visão necessária para este projeto numa região onde, na época, não havia incentivo.
P’n’B – Há muitas piadas e histórias de humor (duvidoso) que brincam com a possível existência ou não do Acre no mapa do Brasil. Brincadeiras à parte, quantos estúdios de games existem no Estado, estabilizadas ou independentes?
FS – Tenho conhecimento que existem 3 e todos somos colegas, e também todos somos independentes.
P’n’B – Existe um cenário Indie de Games no Acre? Como é a realidade cotidiana de quem produz jogos tão longe dos grandes centros da região Nordeste, Sul e Sudeste do país?
FS – Não existe um cenário. Nós participamos via internet do cenário online onde fazemos networking com outros desenvolvedores de todo o mundo.
P’n’B – Como está a produção de Seringueiro Samurai?
FS – Após juntar profissionais com talento necessário, foi possível criar a primeira versão de testes que está disponível no site www.seringueirosamurai.com.br com o objetivo de ter feedback do público quanto à ideia e jogabilidade.
P’n’B – O jogo deve ser de curta ou longa duração? Há muitas fases ou etapas? O que pode ser comentado sobre as decisões do Level Design do projeto?
FS – A duração creio que vá depender do jogador. Terão várias fases mas por enquanto não posso comentar muito.
P’n’B – Haverá um modelo de monetização ou de vendas? Quais as expectativas dos desenvolvedores no que diz respeito a retorno financeiro para o jogo?
FS – Todo jogo necessita de recurso para o desenvolvimento. Mas queremos fazer um produto que seja comercializado seguindo as novas tendências do mercado.
P’n’B – O grupo já tem outras ideias e projetos que pretende realizar? O que pode ser revelado para o futuro?
FS – Sim ideias não faltam. O estúdio tem o objetivo de fazer jogos que são divertidos.
O game Seringueiro Samurai conta a história de um samurai que vivia no Acre durante o século 19, na época da Revolução no Acre.
Startup acriana, o estúdio Mestre Cupuaçu vem desenvolvendo o jogo de ação com intuito de contar a história da revolução local à nova geração, distribuindo o projeto em universidades brasileiras e escolas da rede pública. O jogo está em fase alpha e foi desenvolvido, inicialmente, apenas para computadores. Segundo a produção, após lançamento oficial haverá versões para smartphones e tablets. A versão de testes, lançada na ExpoT&C, tem apenas uma fase, mas já conta com uma música tema própria produzida por uma banda local e o “chefão” é um Mapinguari. “O nosso herói Ryuzaburo Tomori se rebela contra o exército boliviano e seringueiros contratados pelo coronel Diego Barbosa para atacar os indígenas”, explica o programador-chefe da empresa Mestre Cupuaçu Studio, Luis Felipe de Melo.
A versão demo, ainda de acordo com a produção, agradou aos jovens jogadores, a exemplo de Fernando Miranda, de 9 anos, que comentou após jogar a fase disponível que “é legal pegar um joguinho que conta coisas que aprendemos na escola”. A versão final, acreditam, deve ficar pronta em fevereiro do próximo ano, com o desenvolvimento em ritmo acelerado pela equipe formada pelos jovens produtores, que contam com idade entre 18 e 25 anos.
A empresa Mestre Cupuaçu e seus desenvolvedores podem ser contatados através do email da empresa, em contato@mestrecupuacu.com.
Outra informações estão disponíveis no site www.mestrecupuacu.com.
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