Hardcore Gamer X Casual Gamer: uma reflexão – Por Marco Aurélio Martins

O tema é polêmico, por isso resolvi falar a respeito, no meu primeiro artigo. Sites, blogs, estão sempre trazendo à tona a questão, que parece ser apenas mais um sopro na brasa que nunca vai se apagar.
Lendo e relendo diariamente posts, e comentários a respeito, minha opinião é que meu objetivo não é atacar nenhum dos lado e sim achar um consenso.

Desde o Super Mario Bros 3 a Nintendo introduziu o conceito de 100 estrelas = 1 vida (1 Up) e posteriormente no Mario 64, ela evolui para uma maior abrangência, colocando estrelas em seu mundo para serem coletados. Muitos outros jogos seguiram o caminho do mestre Myiamoto e fizeram variações como no primeiro Bandicoot da Sony, onde este mesmo formato estaria dividido em fases.

Baseado nisto, comecei a fazer buscas nos meus registros mentais e, como se estivesse entrado em uma máquina do tempo, comecei a me perguntar: Seria possível existir um “casual gamer” na era dos fliperamas (arcades)? E por mais surpreendente que seja a resposta, foi um singelo ‘Sim’.

Na época, onde se pagava para jogar, a única coisa possível para diferenciar um “Hardcore Gamer” e um “Casual Gamer” era a quantidade de dinheiro ($). Se você tinha $ no bolso, todos os jogos arcade permitiam que você inserisse mais $ para continuar e, sendo assim, “virar” o jogo antes que qualquer um, era muito simples, o que tornava a situação a tarefa mais fácil do mundo. E, acreditem, eu fui testemunha ocular de muitos destes casos. Mas isso não me fez considerar esta pessoa harcore, talvez um cheater.

Jogar para se fazer um ídolo entre recordes ou história em um fliperama estava muito além do inimaginável. Bastava uma puxada de tomada e tudo ali iria parar no limbo. As casas de arcade funcionavam 24hs, bastava você voltar e olhar qual era o maior placar da atualidade, e se eles estivessem diferente do placar padrão (deafult), que eventualmente era o do cast criador do jogo, era hora de gastar todo seu suado dinheiro (coletado das descidas pela porta de trás do ônibus!) para superar o adversário virtual, já que provavelmente este “anonymous” da era das cavernas jamais saberia que um dia você existiu. Acreditem, não tinha preço!

Virar, zerar são palavras que há muito tempo eu tenho visto que, infelizmente, têm sido usadas de forma errada por aqueles que não jogaram os jogos do passado.
Virar, como a própria palavra diz, só pode ser destinada àqueles jogos onde o jogador chega a um “fim definitivo”, e como os recursos era absurdamente restritos, reservar uma tela com a simples inscrição “congratulations”.

Zerar, talvez seja a parte mais polêmica neste artigo, já que ele diz respeito a ‘chegar ao máximo de um placar até que ele comece novamente’. Algo praticamente impossível, já que placares foram abolidos de 99% dos jogos. Isso me lembra um caso pessoal antigo em que diariamente eu chegava a mais de 6.000 pontos no Poppey do Odissey II e ele simplesmente travava. Eu, muito retardado, fazia isso diariamente achando que no dia seguinte seria diferente.

Baseado nesta linha de raciocínio, a Microsoft trouxe grande contribuição ao universo gamer, apesar das críticas. Ela trouxe uma revolução incompreendida por muitos, que se traduz em achievements ou conquistas (no caso da Sony), como um novo paradigma para o conceito de jogar. Infelizmente, este “conceito” vem sendo ignorada pela Nintendo e pelos demais jogadores.

Esta nova abordagem trouxe uma outra forma de pensar para os jogadores considerados “hardcore’, que se viram, independente de plataforma, uma forma de mostrar sua paixão aos jogos de sua preferência.
“Virar” ou “zerar” transcendeu uma simples prática de jogar, e se tornou a maior bandeira dos jogos atuais. Ele está fora do contexto do jogo e muitas vezes vai te fazer pensar se o jogo é realmente bom ou ruim porque o desafio está explícito e não implícito.

Eu poderia ser duro e dizer que, se você é um daqueles jogadores registrados no Googleplay, MSLive, PSN, você é “harcore gamer”, já que todos possuem acompanhamento da sua atividades mas, independente do site, opiniões ou sistema, eu os considero, acima de tudo, jogadores, não importa seu “gênero”. Baseado nisto, e contando quantos jogos você já “zerou” ou “virou”, eu tenho que te perguntar: e então, qual jogador você é?

Sobre o Autor

“É CCO & Game Designer na Spielen Kraft e joga desde a época do Odyssey”
 

4 comentários a "Hardcore Gamer X Casual Gamer: uma reflexão – Por Marco Aurélio Martins"

  1. Ronaldo Gazel | Janeiro 23, 2015 às 2:14 pm |

    Parabéns pelo artigo, ficou excelente, Marco! Abraço!

  2. Os jogadores de hoje não são nem perto dos de antigamente. Até o PS1, acho que ainda rolava um desafio, uma busca, eu mesmo zerei Crash com 105% pq sabia que era possivel. O termo “zerar” e “virar” na verdade são os mesmo com o mesmo significado, o placar. No pinball, como o placar “rodava” ao chegar na pontuação máxima, o placar “virava” pra 00000000 o mesmo acontece nos consoles pré 8bits, o atari por exemplo, zerava aos 99999999, entao tu “virava” o jogo ou “zerava” mas como o pinball era predominante, virar um jogo de atari era mais comum. Ótimo texto.

  3. Acho que o jogador hardcore e casual não se restringe ao jogador, e sim como ele se relaciona com cada jogo. No exemplo dos fliperamas o jogador hardcore seria aquele que gastou muitos $ em um mesmo jogo até ficar tão bom a ponto de “zerar” o jogo com uma ficha só. Um exemplo disso são os jogadores de jogos como PUMP IT e DDR que jogam esses no modelo hardcore e então para espairecer jogam algum outro por alguns minutos e depois que se derem por satisfeitos(ao zerar ou virar o outro jogo) voltam para a máquina de dança.
    Nos jogos atuais as conquistas são um ótimo meio de diferenciar como o jogador se comporta no geral e em cada jogo. Infelizmente a Nintendo não tm uma rede social com achievs para mostrar, mas são muitos jogos da empresa que tem uma distinção clara entre o casual e o hardcore, como as pessoas que tentam o 100% de estrelas nos marios 3D ou os que apenas derrotam o bowser. Ou aqueles que só salvam a princesa Zelda ao invés dos que salvam ela no menor tempo possivel com todos os corações.
    Mais legal que pensar em que tipo de público o jogo em produção está focado, é dar a opção para o “outro público” aproveitar tanto o jogo quanto o principal.

  4. Muito bom!

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