Global Game Jam tem potencial para transformar produção de Games no Brasil

Idealizada em 2008 a partir de eventos similares, a Global Game Jam está hoje entre os principais eventos de desenvolvimento de games e tem nova edição prevista para acontecer entre os próximos dias 23 a 25 de janeiro, quando, por todo o planeta, jovens se reunirão em uma maratona de 48h de imersão na criação de jogos a partir de um tema específico para todos. Longe de se caracterizar somente como uma competição online, no entanto, a GGJ é talvez o momento mais significativo da vida de inúmeros iniciantes, que pela primeira vez estarão encarando a jornada de uma produção de games junto a muitos profissionais do meio e descobrindo, de forma concentrada, as dores e delícias de concretizar suas próprias ideias, transformando-as em projetos que podem ganhar o mundo.

Para Alvaro Gabriele Rodrigues, Professor e Coordenador do Curso de Desenvolvimento de Jogos Digitais da Fatec Carapicuíba e Sócio e Diretor de Criação do estúdio Trixter, em São Paulo, o evento caracteriza-se como uma grande reunião festiva, onde todos participam de forma descompromissada e, por esta razão, encontram espaço para criar sem temores ou restrições: “Trata-se de um momento de descontração, sem grandes pretensões ou obrigações de um projeto maior. Isso potencializa a experimentação, a criatividade, o espírito de cooperação e a união dos devs”, analisa. “É o momento em que todo mundo para o que está fazendo e diz: ‘OK, vamos encontrar o pessoal e fazer algo diferente hoje, sem stress'”. Gabriele, que estará à frente da virada desenvolvedora da Jam na faculdade de tecnologia, acredita que embora o mercado exija refinamento em todas as áreas do desenvolvimento de games, como arte, programação, game design, áudio etc, os eventos de Jams concentram potencial para, no médio ou longo prazo, transformar parcialmente o mercado produtor de Games no Brasil. “Essas coisas costumeiramente são negligenciadas nas jams em função do tempo escasso, mas estes eventos ajudam a criar volume de produção, criar experiência e ter ideias inovadoras. Talvez o jogo da Jam jamais se torne um jogo para o mercado, mas servirá como essência para a criação de outros que irão”, avalia.

O professor Alan Carvalho, que coordena o curso de Games na Fatec São Caetano do Sul e estará responsável pela realização da atividade neste centro universitário, destacou que a GGJ tem todo o potencial para aprimorar as safras de futuros profissionais para a área: “Uma jam é um momento em que podem-se exercitar competências como administração do tempo, criatividade, uso adequado de recursos e trabalho em equipe”, observa. “Participar de uma jam como a Global Game Jam é essencial para o iniciante no desenvolvimento de games”. Mesmo para os profissionais já estabelecidos, Alan vê o evento como uma oportunidade de sair do dia-a-dia do trabalho e “dar uma refrescada nas ideias”. O professor enfatizou conhecer alunos e ex-alunos da Fatec São Caetano do Sul que participaram da GGJ e hoje trabalham com desenvolvimento de games. Bruno Campagnolo de Paula, coordenador regional da Jam no Brasil, vai além na questão da qualificação dos participantes das jams. “Eu discordo do termo iniciantes, porque existem muitos exemplos de jogos bem sucedidos de equipes muito mistas”, ressaltou, o que denota as possibilidades de crescimento na participação do evento.

Segundo dados apresentados por Campagnolo, esta maratona contará com 50 locais espalhados por todas as regiões do país. “Temos sedes da jam promovidas por universidades, escolas, coletivos, associações e empresas de jogos”, informou ao Play’n’Biz. “Esperamos a participação de mais de 1.500 desenvolvedores e a produção de 300 jogos”. O coordenador, que é professor do Curso de Jogos Digitais da PUCPR, enfatizou que o Brasil é o segundo país em número de sedes, perdendo apenas para os EUA, e destaca-se também por seu engajamento e pela animação dos envolvidos no evento. O professor e coordenador do evento em Curitiba esteve na Alemanha em 2011 para receber o prêmio pelo melhor jogo daquela edição, ao lado dos desenvolvedores responsáveis pelo game Planetary Plan C, que concorreu com outras 1.487 produções. Games como Like a Boss!, do estúdio paulistano Fire Horse, Surgeon Simulator 2013, do Bossa Studios, e Too Much Love Will Kill You (just as sure as none at all) são outras produções que surgiram em jams anteriores e se transformaram em projetos de grande projeção, o que mostra que a oportunidade oferecida pelo evento pode ser o início de um grande trabalho. Amora Bettany e Pedro ‘Santo’ Medeiros, do Studio Miniboss e dois dos responsáveis por Planetary Plan C, estarão presentes ao evento desse ano como keynotes, ao lado de Mitu Khandaker-Kokoris, líder do estúdio Tiniest Shark Ltd., baseado na Inglaterra, e criadora do premiado jogo Redshirt, assim como do Dr. Reiner Knizia, criador de jogos híbridos, que combinam elementos físicos e digitais, também sediado na Grã Bretanha.

Na visão de Campagnolo, as jams são excelentes oportunidades de entender melhor o mundo. “O principal impacto para a produção brasileira é a percepção que não estamos sozinhos no mundo do desenvolvimento de jogos; outros países tem problemas similares aos nossos”, comentou. Considerando os grandes projetos de games já realizados pelos criadores brasileiros nas edições anteriores e o empenho com que profissionais e novatos se lançam para virar noites desenvolvendo novas ideias e propostas, a Global Game Jam está entre os principais eventos responsáveis pela mudança do panorama e das perspectivas de melhora no ambiente nacional de criação de games. “Apesar de haver uma certa noção de que são jogos mais simples, há vários ótimos trabalhos que foram elaborados nos sites brasileiros da GGJ. É uma mostra de que o brasileiro pode produzir games de qualidade”, conclui Alan Carvalho.

Para mais informações sobre o evento, veja abaixo detalhes da GGJ ao redor do mundo:
Sedes mundiais da GGJ: http://globalgamejam.org/2015/jam-sites
Sedes da GGJ no Brasil: http://globalgamejam.org/2015/jam-sites?title=&country=BR&locality=

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