A noite de quarta, dia 28 de janeiro teve um toque de entusiasmo e vitória para a parcela paulistana de desenvolvedores de games, com a realização da cerimônia de inauguração da SPCine, empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo, que conta com a parceria do Governo do Estado e do Ministério da Cultura. Pela primeira vez uma iniciativa do gênero inclui a linguagem dos games como uma das expressões audiovisuais a serem contempladas com propostas de fomento na capital paulista e a presença de uma personalidade ligada diretamente a este meio como conselheiro consultivo para as determinações na área. O evento contou com a presença de autoridades ligadas às artes e cultura e muitos desenvolvedores de jogos que há tempos aguardavam a concretização dessa política local.
Em conversas com o Play’n’Biz em outubro de 2014, Eliana Russi, Gerente Executiva do Projeto Setorial de Exportação Brazilian Game Developers, projeto da Abragames em parceria com a Apex-Brasil, já havia indicado a possibilidade de contar com uma cadeira exclusiva para a área de games no conselho do SPCine, embora as tratativas estivessem apenas no início. À ocasião, Eliana informou que as conversações com os representantes da Secretaria da Cultura de São Paulo vinham se mostrando muito receptivos à ideia, incentivados pelo então secretário Juca Ferreira, hoje reempossado minitro na pasta no governo federal. Apesar de se configurar como a primeira formalização da presença ose games em uma iniciativa paulistana, a produção de jogos digitais já havia sido incluída em um edital de setembro de 2013, ainda que outras linguagens audiovisuais encontrassem mais facilidade para apresentar suas propostas.
O novo órgão, inaugurado na Praça das Artes na região central da capital, pretende atuar como um escritório de desenvolvimento, financiamento e implementação de programas e políticas para os setores de cinema, TV, games e web, voltado a reconhecer e estimular o potencial econômico e criativo do audiovisual paulista, bem como o impacto desta produção em âmbito cultural e social. Segundo dados apresentados na cerimônia do lançamento do programa, a ação conta com o investimento inicial de R$ 65 milhões, sendo R$ 25 milhões da Prefeitura, R$ 25 milhões do Governo do Estado e outros R$ 15 milhões da Ancine. Entre as autoridades presentes, estiveram o diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, Marcelo Mattos Araújo, secretário de estado da Cultura, Nabil Bonduki, vereador e recém nomeado secretário municipal de Cultura, Guilherme Varella, gestor cultural, Nunzio Briguglio, secretário municipal de Comunicação e Juca Ferreira, ministro de Estado da Cultura, para quem São Paulo tem um papel fundamental no desenvolvimento cultural no país. “Precisamos que São Paulo assuma a sua posição cultural no Brasil”, afirmou em pronunciamento de abertura do evento.
A área de games passa a ser reconhecida dentro dessa estrutura por meio do SP Bits, um conjunto de programas e ações da SP Cine para o mercado de games e cultura digital. “O Brasil é um dos maiores mercados consumidores de jogos eletrônicos do mundo e, por este motivo, a SPCine quer estimular a produção nacional, incentivando o debate e implementando linhas de financiamento específica para impulsionar o desenvolvimento criativo e econômico da área”, afirma o comunicado de criação da empresa paulistana. Para Eliana Russi, também presente ao evento, a iniciativa é mais que bem vinda: “Se o setor crescer todo mundo ganha”, afirmou ao Play’n’Biz. A gestora de programas de fomento da Abragames declarou ainda que “há muita coisa bacana acontecendo [para a área de games no Brasil] e precisamos cuidar do setor”. Esta presença dos games no conselho vem em um momento oportuno, junto com a indicação de Thiago di Freitas, da Kokku Games de Pernambuco, como representante no CNIC, Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, do MinC, novidade também já aguardada há alguns meses pela associação, que havia sido indicada em uma seleção prévia do CNIC, em setembro de 2013.
Apesar dos reveses na economia nacional e das perspectivas pouco promissoras do início do ano, as mudanças no ministério da Cultura e o pensamento vanguardista de certas vertentes políticas como a criação do SPCine ou do governo do Rio Grande do Sul, mostram que a economia criativa oferecida pela produção de jogos digitais pode ser um diferencial bem vindo nesta fase crítica do país.
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