Para a Telltale, futuro dos Games está nos seriados de TV

A Telltale, desenvolvedora de games há mais de dez anos no mercado, com produções de grande reconhecimento público como Sam & Max, Borderlands e The Walking Dead, veio a público nos últimos dias anunciar sua parceria com os estúdios Lionsgate (produtores da série de tv Mad Men e filmes como Dirty Dancing, Rambo e Jogos Vorazes) para a produção do que promete ser um novo estágio no entretenimento digital, nomeado como “Super Show”, um ambicioso projeto que pretende unir a dinâmica das tele séries às possibilidades de escolha oferecidas pelos videogames.

Kevin Bruner: CEO da Telltale

Kevin Bruner: CEO da Telltale

Em entrevista concedida ao site da revista Entertainment Weekly, o CEO da empresa, Kevin Bruner explicou que a ideia é baseada em “uma parte de conteúdo interativo jogável com uma parte de conteúdo roteirizado como na televisão”. O empreendedor afirmou ainda que o projeto será realizado na forma de episódios, utilizando os diferentes aspectos de cada mídia. “Não se trata de uma série interativa com uma apresentação (de tv) ou um show televisivo com um game, mas uma história integrada de uma forma que apenas a Telltale é capaz de fazer”, afirmou, sem medo de soar arrogante.

O CEO afirmou que, nos últimos dez anos, o estúdio incorporou muitas das técnicas televisivas na produção de seus jogos, de forma que a proposta deverá suprir esta nova audiência com conteúdos capazes de “permitir que o público tenha tempo para consumir e discutir ambos os aspectos do show por meio de seus consoles, tablets, celulares e computadores”.
A ousada proposta não está baseada, como outros projetos criados pela empresa, em franquias consagradas, como Game of Thrones, Fables ou Minecraft, mas em uma criação própria. Ao site Games Industry, o diretor executivo afirmou que “ao pensarmos em construir algo a partir do zero que nos desse absolutamente tudo, pudemos sonhar com as ferramentas de storytelling […] É, provavelmente, a coisa mais ambiciosa que qualquer empresa já fez, mas sentimos que estamos prontos para isso”, avaliou.

Não é a primeira vez que se pensa em converter a diegese de obras literárias e fílmicas na narrativa aleatória dos jogos digitais, como bem mostrou o nada bem sucedido projeto Storytron de Chris Crawford, mas nunca antes uma empresa de grande porte parece ter abraçado de maneira tão enfática estas experimentações narrativas.
Storytron, criado em 2006, visava fornecer uma experiência narrativa interativa em que o jogador pudesse comportar de qualquer maneira que quisesse, embora restrita a ações à história, capazes de gerar resultados interessantes ou dramáticos. Mas, como apontou o próprio autor no site do projeto, seu perfeccionismo levou o projeto à ruína. “Eu tinha que trabalhar freneticamente no SWAT (Storyworld Authoring Tool) e em uma centena de outras coisas que precisam ser feitas em uma startup. Eu simplesmente não tinha tempo suficiente para fazer um bom trabalho para demonstração”.

Dessa vez, a Telltale parece querer construir um universo mais tangível, que se aproprie das características convidativas dos games como jogabilidade, desafio e recompensas aliado a uma trama envolvente, própria dos grandes sucessos cinematográficos. “Se você jogar o episódio interativo primeiro, certos elementos da parte roteirizada serão adaptadas para refletir as escolhas feitas no jogo interativo. Se você assistir o show antes de jogo, alguns elementos nas partes interativas podem ser apresentados de forma diferente do que seria se você tivesse jogado primeiro”, explicou Kevin Bruner. De sua parte, a Lionsgate parece também acreditar no projeto, como mostra o artigo do site Gamespot, atestando que, embora o valor do aporte da empresa cinematográfica na Telltale não seja revelado, o investimento “significante”. Parte do acordo prevê ainda que Jon Feltheimer, CEO da produtora de filmes, comporá a mesa diretora no estúdio de games.
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